Sabe aquela frase bem brega que diz “amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito”? Pois é… só em letra de música mesmo, porque na vida real o buraco é bem mais embaixo. Uns da até vontade de dar um tiro na cabeça.

Vou compartilhar uma coisa pessoal com vcs que está engasgada na minha garganta há alguns dias e quero saber a opinião de vcs. Na minha cabeça, amigo é aquele que fala a real, que não mede palavras porque quer ver vc crescer, e não fica passando a mão na cabeça. Pra isso já existe a figura do pai e da mãe certo?

Pois é, aparentemente o meu conceito de amizade está errado. Vou contar pra vcs…

Conheci o FRED (vou chamar ele assim pra não expor ninguém ok!?) por meio de amigos em comum. Ele sempre foi um cara muito fechado e tímido. Trabalhou em uma multinacional em um cargo alto durante muito tempo. Ganhou grana, ficou conhecido no mercado mas por não querer fazer parte do “esquema” da empresa, foi mandado embora.

Ganhou uma bolada da empresa e começou a viver como um playboy. Mas anos foram passando, a grana foi acabando e a deprê começou a bater. Mas daquelas pesadas mesmo sabe? Aí nessa hora que os amigos tem que ajudar. Foi exatamente o que eu fiz.

Ele começou a tentar montar um negócio do zero e eu me disponibilizei a ajudar. Dando conselhos sobre o site, redes sociais, indicando clientes, abrindo portas até que o negócio começou a ficar um pouco conhecido dentro do próprio mercado (embora ainda não desse dinheiro).

Eu pareço uma pessoa legal né? Não aos olhos do FRED. Talvez pelo fato de ele não estar conseguindo chegar onde quer, ele precisa diminuir todas as pessoas ao seu redor.

Resumindo a história, em uma das nossas conversas ele pediu pra eu dar minha opinião sobre o negócio, sobre ele e porquê que a vida dele não estava indo pra frente. Eu dei minha opinião de amigo, tentando ajudar ele a ser uma pessoa melhor. Mas o que eu ouço de volta são críticas a minha pessoa. Que sou egoísta por não ter feito X,Y,Z. Mas se eu tivesse todas as respostas pras perguntas, estaria rico e sócio da Microsoft. Não é o caso.

É muito nítido que ele tem problemas e que provavelmente está com dívidas no banco. Percebo isso pois os produtos da empresa dele são caros. Como ele está desempregado há quase 2 anos sem fonte de renda, não sei de onde ele tira recursos pra investir.

Eu e outros amigos fomos bloqueados das redes sociais dele. Chegamos a conversar esses dias sobre a situação e chegamos a conclusão que ele tem uma doença psicológica (que não vou revelar o nome) mas é como se fosse um autismo leve para adultos que atrapalha a interação e convívio com as pessoas. Pessoas muito inteligentes possuem essa doença, o que é mais difícil ainda reconhecer a necessidade de ajuda e buscar tratamento.

Isso é muito triste pois perdi um amigo pela incapacidade DELE de lidar com crítica. Acho que no fundo nunca fui amigo pois quando indicava clientes e dava conselhos, tudo corria bem, agora quando apontei os erros e disse que precisavam ser corrigidos pra crescer, fui bloqueado.

Gostaria de poder ajudar o FRED, mas acho que ele se sente muito superior em relação aos outros. Talvez nunca busque por ajuda ou aceite sua doença, mesmo que os pais venham a dizer isso pra ele.

T.

Tonanni

 

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Tonanni
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4 comentários
  1. vivi1  13/08/2014 - 17h45

    cara, se ele tem asperger, ele nunca vai entender que esse texto é pra ele e que ele é o Fred.

  2. Soraya  14/08/2014 - 14h03

    Dé, acho que você foi muito feliz em dizer que nunca foi amigo para o Fred, já que a relação de vocês para ele, aparentemente era apenas para obter vantagens. Quando não recebeu o que queria, caiu fora.
    Uma coisa eu discordo, pai e mãe não são só para passar a mão na cabeça, e acho que a falha dele além de doença, foi falta de educação. Se os pais o tivessem orientado e percebido como ele não reagia bem aos limites e críticas, talvez tivessem ajudado mais o filho. Não os julgo, porque hoje em dia há toda uma geração que se acha particularmente especial só por existirem, ainda que não tenha feito nada de notável na vida.
    Beijos e saudades de nossa convivência diária.

  3. Daniel Barros  18/12/2015 - 09h40

    O seu amigo FRED tem traços borderline. Felizmente ele não tem o transtorno em si, como o pai dele. É uma patologia hereditária que, no caso do FRED, foi assimilada por imitação e não transmitida por genética. FRED é uma pessoa comum, como todo mundo, mas o abuso físico que ele sofreu na infância o colocou na posição de vítima (nunca o pai e a mãe dele colocaram a mão na cabeça dele, como mencionado no texto). Um processo automático, inconsciente, narcísico. Uma defesa contra o medo de rejeição. FRED começou um processo de autoconhecimento há cinco anos e já progrediu muito em relação ao que era. FRED teve insights, descobriu alguns de seus maiores pontos cegos. Um deles é provocar, inconscientemente, situações em que ele possa ser rejeitado para alimentar a neurose dele (um jogo), podendo assim se sentir especial no sentido negativo – o coitado. É claro que isso não desresponsabiliza o mundo em seu entorno, que vive buscando pessoas como FRED para usar como bode expiatório. Quando alguém dá de cara com uma pessoa como ele, principalmente dentro de um grupo, o impulso automático é de rotulá-lo como o esquisito, que ninguém entende, pois isso cria para cada integrante do grupo a sensação de ser normal ou superior. FRED poderia provocar em outras pessoas o movimento do olhar interno ao invés do julgamento, mas não é o que acontece. Ele é desqualificado, às vezes com desprezo evidente, às vezes com algum tipo de condescendência sofisticada (“aparentemente meu conceito de amizade está errado”, “eu me disponibilizei para ajudar e fui atacado”, “ele foi mandado embora da empresa e começou a viver como um playboy”, “ele tem uma doença psicológica, algum tipo de autismo”). FRED tem suas questões pessoais como todo mundo. Ele vê o mundo sob o seu ponto de vista, como tudo mundo. Ele tende a minimizar o que vai contra suas crenças, como tudo mundo. Porém, ele se entregou num processo de autoconhecimento como poucos, em carne viva. No caminho, FRED tropeçou, caiu, teve machucados superficiais e queimaduras de terceiro grau. Hoje, ele continua caindo, mas consegue ver em cada queda um significado que vai além da dor de ser rejeitado.

  4. Lucas  01/12/2017 - 16h32

    Uma amizade verdadeira jamais deveria ser desfeita, ou não é verdadeira ou se realmente for deve durar para sempre, mas é muito difícil achar um amigo verdadeiro.

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